Doçura

Doçura

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

e quando não durmo...


Já disse que sou apaixonada?
Que amo?
Não!!
Eu me apaixono a cada dia pelo meu trabalho.
Em minhas noites sem dormir, na exaustão das discussões, na minha inquietação pelo certo. Pelo processo correto de prestar assistência ao paciente. Por minha injuria diante da injustiça, da omissão, do descaso. Pelo teor carregado de emoção que ocupa cada espaço da minha voz, que brado em tom alto, bem audível, para qualquer entendedor, quando eu preciso que se valorize o ser humano.
Pelo cheirinho gostoso e a pele macia que meus pacientes(meus bebes) tem.
Pelo contentamento que sobrepõe qualquer lastima, como quando chego ao hospital e vejo que algum deles, qualquer um deles, que antes precisavam de ajuda pra respirar já o fazem sozinhos.
Pela certeza das mãos de Deus naquele lugar, ao lado de cada berço, quando faz seus corpinhos tão pequeninos, ainda pesando algumas gramas, vencer. Vencer o pulmão imaturo, a dor ao respirar, a infecção adquirida muitas vezes no ventre, a abstinecia as drogas que suas mães usaram.
Quando fico olhando pra eles em sentimento de prece, porque tudo que a ciência foi capaz de desenvolver pra ajuda-los já foi feito, e tudo vai depender de como seu organismo vai reagir, vai responder.
Me enche de esperança ver um bebe de 600 gramas lutar dia a dia para viver.
Eu amo, de fato morro de amores.
Há um tempo, quando muito cansada, emocionalmente esgotada, fisicamente dolorida, perguntei a Deus porque ser enfermeira? De tantas habilidades, com tantos outros caminhos, porque seguir gastando minha vida pra cuidar de outras? Porque passar minhas noites velando pela vida de pessoas que nem conheço e que possivelmente ao sair dali nunca mais verei?
E Deus num sonho me disse, preciso das suas mãos, preciso da sua voz, preciso que diga a eles pra confiar em mim, que sou o balsamo que cura, a paz que liberta, a esperança no impossível. Só vá até lá e me empreste suas mãos e sua voz, que do mais eu farei.
Deus me fez ver que enquanto eu cuida dos outros Ele cuida de mim, unge minhas mãos e minha inteligencia pra sempre saber o que fazer. Que cada vida que toco certamente eu verei novamente.
Por varias vezes encontrei com mães e seus bebes já grandes andando na rua e orgulhosa me exibe seu filho com um brilho de gratidão no olhar. De cirurgias bem sucedidas, de feridas curadas.
E eu volto pra casa como hoje, após 36 horas de trabalho, com o coração cheio de gratidão e certeza de quem é por mim.

Beijos caramelados

3 comentários:

Ed disse...

É isso mesmo, valeu.

don disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Wayla Zardo disse...

Obrigada "don", pena seu blog ser bloqueado.
bjs