Doçura

Doçura

quarta-feira, 29 de julho de 2009

De partida


Estou de malas prontas.

Pra onde vou não sei, sei que vou, tão depressa que nem perceba, tão sútil até que desapareça.

Coloquei em minha mala de tecido floral, bem alegre e extravagante um pouco de tudo que quero ter sempre comigo, para onde vou.

As lembranças tomam parte da manhã e os sonhos ocupam a tarde e a noite, bem, a noite apenas durmo.
Como disse levarei em minha bagagem, umas sementes de hortaliças, seu cheiro que agrada e seu sabor traz benefícios.
Uma muda singela de pimenteira vermelha como fogo.
Um sorriso descompromissado.
Uma verdade na boca de uma criança .
O nascer do sol.
A lua cheia esplendorosa.
O som de pássaros.
Uma brisa leve e sol manso.
Levarei também recordações de cereja e mel.
Amores de contos de fadas e príncipes de cordel.
Um pouco de açúcar e café.
Um pouco de minha sabedoria dada com o tempo e muito da minha infância, pois essa, essa sim eu quero muito.
Uma lista comprida de afazeres diários. Andar, cantar, reverenciar o sol, observar serena lua, nadar na cachoeira, mordiscar amoras.
Hum..
Estou de partida se quer, vem comigo, se não deixe ir.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Always


" Após a tempestade sempre vem a calmaria "
O difícil é não lembrar da tempestade ao restaurar os danos que causou, não lembrar do som da chuva no telhado ao trocar as telhas, ou o barulho do vento forte ao repor a janela quebrada.
Dia após dia, nos dias de paz e sol, esperando paciente pelo fim. Quando parar diante de tudo e ver que a casa se tornou ainda mais bela e forte e admirado não lembrar mais a tempestade que houvera em outrora. Que na verdade, não foi nada além de uma brisa leve de outono.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Porque tenho asas...


Onde estava com a cabeça que cai nesse mundo louco de contradições.
Onde estava em pensamentos, que não me vi perdido entre mansões.

De querer, de faz de conta, de imaginar, de sonhar.

Onde estava com minhas ideias quando formei minha ilusão, onde estou agora.

Onde estou se não dentro de mim mesma e pedindo aos céus pra estar em qualquer outro lugar.

Onde vou se faço e me refaço, corto meus cabelos, sem corta os pulsos, corto os laços com o passado, enquanto espero pelo futuro.

Estava agora mesmo pensando como me safar sem ser vista, como passar despercebida, mas não vejo como se meu sorriso resplandece em meu rosto dia a dia, se meus dias triste não sobrepõem aos tantos dias felizes que vivo, se quando menos percebo estou cantando e rindo, cantarolando sozinha, enquanto o vento manso e tranquilo acalma meu coração e passa por meus braços abertos, na minha eterna mania de ser feliz, de querer voar.

Quero um chão firme pra pousar meus pés, sempre que estiver viajando entre as estrelas, quero um abraço forte sempre que chegar e um beijo suave na fronte sempre que partir, quero a benção da minha mãe, o aconchego que há no sorriso de minha avó, pra saber que ali e meu lugar.

Vou e volto e sempre continuo. A inconstância me apraz, na verdade um sorriso solto me cai bem melhor.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Numa noite qualquer


Numa noite qualquer, com o friozinho de inverno, tudo que eu não quero e te convidar pra dançar e te ligar.

Sou mulher e quero poder ser mulher, ser cortejada, viver minhas paixões descontroladas e avassaladoras, sentir medo e insegurança por um homem pela metade.

Quero poder dizer que penso em você mesmo sem querer, mas respiro fundo visto minha roupa de mulher forte e segura, que mantém a sensatez, mesmo depois de duas doses de uísque, simplesmente pra você não ver.

Porque os homens se sentem tão poderosos por causar nas mulheres tamanho descontrole, tão covarde, tão vil, tão pequeno, ver uma pessoa feita de cristal mais puro, doce, ser tratada de forma tão bruta e tentar ficar firme.

A cada investida uma dor profunda, uma força enorme pra continuar de pé.

Numa noite qualquer, não quero olhar ao meu lado e encontrar uma pilha de livros com marcadores pelos meios da paginas. Livros não concluídos, bebericados como um champanhe na noite solitária, sem ter um fim. Já li muito, me informei demais e hoje quase me vejo na obrigação de ler seus pensamentos, entender suas minúcias e lamentavelmente enganar a mim mesma com as palavras amenas que você deveria dizer.

Numa noite qualquer esqueço e durmo.