No ventre

Definitivamente meu coração é feito de fibra densa, que consegue sobrepujar a imaturidade da inocência e sobreviver aos mais temíveis temporais.
Pedro tem testado meu intimo acesso a fé na sua forma mais pura, testado a complacência das válvulas cardíacas cada vez que insiste em saber a hora de vir ao mundo.
Calma Pedro, mais um pouco, mais umas gramas, sem sobrecarregar a mamãe, ok!
Pedro tem me ensinado pelo que lutar, pelo que esperar, pelo que aceitar, pelo que orar, pelo que insistir. Um amor diferente, sem reservas, sem pretenções.
Sua breve vida, me mostra o quão pequeno e egoístas podemos ser, quando supervalorizamos aquilo que é nosso, nossa dor, nossa tristeza, nosso cansaço.
Cada vez que deito minha mãe sobe o ventre e procuro por vestígios de sua presença, esqueço de mim, esqueço das minhas próprias lutas e lágrimas pra venerar sua força e audácia.
Amor, obedece quietinho quando te peço, espera mais um pouquinho.

" Santo anjo do Senhor meu zeloso e guardador, se a ti me confiou a piedade divina. Sempre me rege, me guarde, me governe, me ilumine. Amém "